Considerados raros, os tumores neuroendócrinos têm entre 30 a 40 casos por ano no Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Levantamentos realizados pelo Suveillance Epidemiology and End Results (SEER) registram aumento em até cinco vezes de casos entre 1973 e 2004. Porém, ainda não foi possível apontar o motivo desse crescimento. O câncer neuroendócrino ganhou repercussão nos últimos anos após acometer o fundador da Apple, Steve Jobs, falecido em 2011.
Apesar de sua origem ocorrer em qualquer região onde as células neuroendócrinas estão presentes, esse tumor tem maior frequência no tubo digestivo, respondendo por 67,5% dos casos. Em seguida, são diagnosticados no pulmão (25,3%) e no pâncreas (5,9%), mantendo sempre a característica de crescimento lento.
Também são considerados tumores neuroendócrinos o câncer de pele de células de Merkel, câncer de Timo, câncer de tiroide, tumores pituitários, entre outros.
Um sistema importante
O sistema neuroendócrino responde pela produção de hormônios, que regulam e controlam diversas funções do organismo como a digestão, a respiração, entre outras. Assim, as células neuroendócrinas são encontradas em diversas regiões do nosso corpo como rins, pâncreas, pulmão, boca, entre outras. Elas também estão presentes na tireoide, ovários e testículos.
Esse tumor pode, portanto, ser diagnosticada em qualquer parte do sistema neuroendócrino e ocorrer quando há mutação das células neuroendócrinas, que pode ser hereditária ou surgir ao acaso. Após essa mutação, as células começam a se multiplicar de forma desordenada, provocando o crescimento de uma massa anormal de tecido.
Diferentes formações celulares
Para um melhor entendimento dos cânceres neuroendócrinos, eles foram divididos em grupos de acordo com os tipos de células dos quais são formados.
Os cânceres neuroendócrinos bem diferenciados, por exemplo, têm células que não se parecem muito anormais e se multiplicam mais lentamente. Menos agressivos, esses tumores parecem similares aos benignos quando visualizados sob o microscópio e, muitas vezes, a constatação de que é um câncer neuroendócrino só ocorre quando ele se dissemina para outros órgãos ou tecidos.
Com células que parecem muito anormais e se multiplicam rapidamente, os cânceres mal diferenciados tendem a se disseminar rapidamente.
Já os cânceres moderadamente diferenciados possuem um grau maior de invasão do tecido ao redor.
Sintomas
Na maioria das vezes, os pacientes não apresentam sintomas específicos. Porém, alterações do hábito intestinal devem ser investigadas como sangramentos digestivos, anemia por deficiência de ferro ou dores abdominais persistentes.
Os tumores de intestino delgado podem produzir serotonina, que provoca a síndrome carcinoide. Ela faz com que o paciente tenha crises de diarreia e rubor facial/calor, uma sensação similar com fogachos da menopausa.
No pâncreas, o câncer neuroendócrino tende a crescer lentamente sem apresentar sintomas e sem risco de metástase por muitos anos.
No estômago ou reto, esse tumor pode ser facilmente diagnosticado por meio de exame endoscópio. O médico detecta pequenos pólipos, que serão encaminhados para análise, que definirá uma classificação do tumor de acordo com o grau de diferenciação.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por meio de exames PET Scan, que são tomografias computadorizadas por emissão de pósitrons. Elas podem ser do tipo PET Scan Gálio 68, específica para um tumor neuroendócrino. Ou ainda PET-FDG, que é um PET Scan utilizado tanto para aferir vários tipos de tumores sólidos como para avaliar a agressividade dos cânceres neuroendócrinos.
O câncer neuroendócrino tem tratamento?
Os avanços da medicina permitem a abordagem desses tumores por meio de terapias moleculares, hormonioterapia e até mesmo terapia de medicina nuclear.
Uma equipe médica vai definir a melhor estratégia, e pode incluir a cirurgia quando o diagnóstico é precoce ou em outras situações que ajudem a melhorar a qualidade de vida do paciente.