Rua Vergueiro, 1353, Conj 1802, Torre Norte

Paraíso, São Paulo-SP

Consulta presencial

(11) 98984-1934

Tratamento do câncer e o CRISPR

A tecnologia de edição de genes CRISPR vem ganhando novas aplicações e tem potencial para transformar o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças, como alguns estudos já aplicados em terapias para o câncer. Em 2011, as funções dessas “tesouras moleculares” foram descobertas pela microbióloga francesa Emmanuelle Charpentirer em uma parceria com a bioquímica norte-americana Jennifer Doudna. O estudo permitiu desvendar a interação entre o CRISPR e a molécula Cas9. A descoberta das pesquisadoras mereceu o Prêmio Nobel de Química em 2020.

O “Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Interespaçadas” ou CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) é uma região do genoma das bactérias caracterizada pela presença de sequências de DNA (ácido desoxirribonucleico) curtas e repetidas. As bactérias dispõem de um sistema que copia o DNA do vírus todas as vezes que são atacadas. Em um próximo ataque, elas utilizam essa memória para identificá-lo. Codificada pelo RNA, a proteína C9 da bactéria atua como uma tesoura e elimina parte do DNA do vírus em um novo ataque, impedindo a sua reprodução.

As pesquisadoras aplicaram a técnica em outras células, inclusive humanas, e descobriram que a proteína C9 pode tirar uma sequência específica do DNA responsável pela doença no organismo. Em seguida, essa sequência é substituída por outra, que permite a regeneração dos próprios genes. Desde então, novas tecnologias CRISPR vêm sendo aproveitadas para criar sistemas de diagnósticos rápidos e de baixo custo, inclusive para diagnosticar genes resistentes a medicamentos.

Em 2013, o Dr. Feng Zhang, do Instituto de Massachusetts de Tecnologia, publicou o primeiro relatório baseado em CRISPR com edição de genes humanos. O pesquisador e sua equipe reconheceram o potencial dos sistemas CRISPR para produzirem modificações altamente direcionadas em genes humanos e projetaram um método para identificar RNAs guias e a proteína Cas9 em células humanas.

As principais vantagens da edição do gene CRISPR, em relação a outras técnicas de edição de genes, são sua especificidade e precisão de edição, mesmo para sequências muito pequenas. A ferramenta já vem sendo testada em estudos de fase 1 em pacientes humanos, onde as células do paciente são colhidas, modificadas em laboratório e reintroduzidas. Em 2019, uma pesquisa de um grupo da China fez um transplante com sucesso de medula óssea de um paciente HIV-1 positivo com leucemia linfoide aguda. Em outro ensaio da fase 1 com três pacientes com câncer refratário, sendo dois com mieloma avançado e um com lipossarcoma, os cientistas recolheram as células T, que foram modificadas com a engenharia CRISPR e reintroduzidas nos pacientes. No final de nove meses de acompanhamento, dois pacientes continuavam vivos e um deles faleceu. Os pesquisadores identificaram alterações cromossômicas em todas as populações de células T nesses pacientes.

A engenharia CRISPR traz vantagens pela rapidez oferecida aos diagnósticos e pelos custos reduzidos em comparação com outras tecnologias. Sem sombra de dúvida, é mais uma importante ferramenta para a cura de diversas doenças, mas que ainda caminha os primeiros passos em pacientes humanos. O arcabouço de pesquisas na área oncológica tem ampliado as possibilidades de diagnóstico e tratamento dos pacientes, cabendo ao médico a identificação da melhor estratégica em cada caso. De qualquer modo, são avanços muito importantes e que sinalizam para as próximas décadas uma nova abordagem no tratamento oncológico.

* Ramon Andrade de Mello é oncologista, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Uninove e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve, em Portugal.

Link

https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/crispr-uma-ferramenta-de-edicao-genetica-no-tratamento-do-cancer/

Outras publicações do Blog

Perspectivas de casos de câncer com o uso de agrotóxico

O câncer colorretal pode ter influencia de agrotóxicos usados na alimetação

Novos caminhos da oncologia

Os avanços da ciência têm proporcionado respostas para diversos males que afligem a população. Nessa pandemia, por exemplo, a agilidade dos cientistas na produção de uma vacina para combater o novo coronavírus

Novas abordagens para o câncer de mama

O tratamento do câncer de mama conta com o avanço da ciência para uma abordagem mais ampla, que pode incluir aos tradicionais procedimentos de cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Lições da pandemia para a oncologia

Os primeiros momentos da pandemia do novo coronavírus trouxeram pânico para a população mundial. O desafio de combater um inimigo pouco conhecido e com uma capacidade gigantesca de transpor continentes foi enfrentado de maneiras diferentes pelos países.

O sucesso dessas novas técnicas já permite vislumbrar, num horizonte de curto e médio prazos, a abordagem do câncer como uma doença crônica, mas ao mesmo tempo controlável quando bem acompanhada.

Estadão: Oncologia de precisão cada vez mais próxima 

O sucesso dessas novas técnicas já permite vislumbrar, num horizonte de curto e médio prazos, a abordagem do câncer como uma doença crônica, mas ao mesmo tempo controlável.

Na oncologia, as vacinas têm protegido a população de infecções por vírus que podem causar câncer. É o caso de algumas cepas do papiloma vírus humano (HPV).

Veja Saúde: Vacina no tratamento do câncer

As recentes pesquisas utilizando o RNA mensageiro nas vacinas contra a Covid-19 são um dos caminhos possíveis para a oncologia. Um dos diferenciais desse método é facilitar a criação de vacinas sob medida.

O isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus trouxe reflexos diretos para o diagnóstico e o tratamento de diversos males que afetam a população. Os pacientes oncológicos estão no grupo que postergou os cuidados com a doença com reflexos diretos tanto no sistema público quanto no privado. Hospitais e clínicas registram até 70% de adiamento das cirurgias nos momentos de pico da pandemia.

Estado de Minas: A oncologia na pandemia 

Os adiamentos de diagnóstico e tratamento das doenças oncológicas já trazem reflexos diretos para o sistema de saúde, que registra grande procura, principalmente pelas cirurgias eletivas.

Ter um estilo de vida mais saudável e evitar a exposição a substâncias ocasionais é o objetivo primordial para evitar o câncer. Muitas vezes as nossas próprias escolhas são o melhor fator de proteção

Podemos evitar 30% dos cânceres

Ter um estilo de vida mais saudável e evitar a exposição a substâncias ocasionais é o objetivo primordial para evitar o câncer. Muitas vezes as nossas próprias escolhas são o melhor fator de proteção

Assim como há 50 anos contávamos com poucas ferramentas para diagnosticar e tratar das doenças oncológicas, o futuro traz otimismo ampliando a abordagem e o alcance de resultados positivos.

Longevidade e perspectivas na oncologia

O futuro traz otimismo ampliando a abordagem e o alcance de resultados positivos. Uma vida longeva, com hábitos saudáveis e qualidade de vida é uma possibilidade cada vez mais presente para todos.

O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 trouxe profundas mudanças no nosso cotidiano. Por um bom tempo ainda precisaremos tomar cuidados para evitar a proliferação do novo coronavírus. Para os pacientes oncológicos, essa precaução precisa ser redobrada diante de um quadro clínico de baixa imunidade.

Telemedicina na pandemia da Covid-19

O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 trouxe profundas mudanças no nosso cotidiano. Por um bom tempo ainda precisaremos tomar cuidados para evitar a proliferação do vírus.

Os impactos da pandemia da Covid-19 são imensos na área da saúde. A dedicação de médicos, enfermeiros, assistentes e demais profissionais tem recebido elogios mundo afora. O novo coronavírus traz ainda um outro grande desafio. Precisamos atender essa avalanche de pacientes que são infectados diariamente, aumentando a demanda tanto do sistema público de saúde como da rede particular. Porém, as pessoas continuam adoecendo de câncer, diabetes, problemas cardíacos, entre outras enfermidades.

Diário do Grande ABC: Covid-19 e os pacientes com câncer

Precisamos atender os pacientes infectados diariamente, aumentando a demanda tanto do sistema de saúde. Porém, as pessoas continuam adoecendo de câncer, diabetes, entre outras enfermidades.